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Por Sebastien Kiwonghi

 

Pretende-se abordar neste artigo, de maneira sucinta, algumas razões do subdesenvolvimento da África, partindo do Painel Internacional liderado pelo ex- Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan na África do Sul junto com o ex-presidente nigeriano Olesegun Obasanjo e o diretor da Organização Não Governamental Transparency International.

Partindo da realidade atual e dos desafios vigentes no que tange à economia mundial e o processo de desenvolvimento sustentável, há de lembrar, em primeiro lugar que o continente africano vive um mundo especial de crescimento econômico apesar da crise financeira mundial e a multiplicidade de conflitos em alguns Estados, dando às Instituições de Bretton Woods a oportunidade de investir um pouco mais para combater a pobreza e as doenças endêmicas como a malaria e o vírus HIV/Sida. 

Sem dúvida os desafios são grandes, mas a África é um continente que surpreende. De um lado, pela beleza infindável de sua natureza e a quantidade dos recursos naturais que detém, do outro, pelos números de conflitos locais ou regionais fomentados pelas grandes potências por intermédio das multinacionais ávidas dos recursos naturais dos Estados africanos, pois, como dizia Mateo Alemán, “nunca o olho do ávido dirá, assim como não o dizem o mar e a inferno: a mim basta.” 

Com efeito, a tônica de busca desenfreada do lucro das grandes potências e dos países emergentes em detrimento dos pobres e miseráveis centra-se, sem sombra de dúvida, na exploração efetiva das riquezas do continente africano com a cumplicidade dos dirigentes ambiciosos e egoístas. Um dos maiores problemas do subdesenvolvimento africano é a corrupção da elite dirigente. Segundo a ONG Global Financial Integrity, 37 a 53 bilhões de dólares foram transferidos da África para outros continentes apenas em 2008. São valores que ultrapassam três vezes a ajuda que o próprio continente recebe das instituições financeiras estrangeiras. Como entender, então, a persistência da pobreza num continente tão rico e tão belo? 

Nos dizeres do ex-secretário da ONU, Kofi Annan, não faltam recursos, menos ainda a fuga de cérebros (intelectuais africanos) justifica o atraso ou a insuficiência de projetos como obstáculo ao desenvolvimento do continente, mas o peculato, a corrupção, a lavagem de dinheiro e a fuga de capitais, ou seja, transfere-se para outros continentes o que seria importantíssimo para desenvolver o continente e favorecer o seu crescimento econômico sem preocupação nenhuma com as populações empobrecidas. Constata-se que tais capitais transferidos são fruto de corrupção e de gorjeta e comissões para favorecer a implantação das multinacionais. Alguns presidentes africanos respondem aos processos na França pelos “bens mal adquiridos”. 

Não se pode olvidar que durante a guerra fria, a África conheceu a influência dos dois blocos e tornou-se palco de conflitos bipolares. Alguns países africanos caíram no bloco capitalista para defender os interesses dos Estados Unidos da América, da França, Itália e Grã Bretanha enquanto outros eram bajulados pela URSS na Era da implantação do comunismo ou socialismo. Em meados de 70, tal posicionamento da África gerou inúmeros conflitos e graves confrontações entre Leste e Oeste por Estados interpostos, alguns capitalistas e outros comunistas ou leninistas marxistas ou socialistas. A partir daí, muitos países começaram a entrar em colapso econômico por comprometer todos os seus recursos financeiros com o financiamento dos conflitos armados, sem contar com a corrupção da maioria de seus dirigentes e a implantação de políticas de reajustes estruturais mal sucedidos impondo pelas instituições financeiras internacionais, precisamente o FMI, o Banco Mundial e o Clube de Paris. Com o fim da guerra fria, muitos internacionalistas apostaram no advento de uma nova ordem mundial baseada nos princípios pacíficos e democráticos, no estrito respeito da soberania, do princípio da não intervenção e do não-uso da força.

Em síntese, pode-se aduzir que devido às atitudes da própria elite africana no poder, egoísta, individualista e corrompida, bem como a política capitalista das multinacionais, representando a dominação e a exploração do ocidente, os africanos comuns são excluídos do usufruto dos “vastos recursos do continente.”

As razões do atraso da 'Pacha-Mama' África

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