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A pobreza e a guerra de recursos naturais: uma questão geopolítica na era da globalização

Por Sebastien Kiwonghi

 

O fim da guerra fria, a queda do Muro de Berlim (1989), o desmembramento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a criação e o alargamento da União Européia, bem como a criação de outros blocos econômicos, mediante acordos regionais, não colaboraram para a construção de um mundo totalmente pacificado em que prevaleceria o respeito mútuo entre culturas, povos, raças, línguas e nações. 

Vive-se, pelo contrário, um clima de terror através de atos terroristas motivados pelo ódio contra tudo o que é ideologia ou cultura ocidental, sobretudo, tudo o que se refere aos Estados Unidos da América (EUA), considerados pelos radicais muçulmanos como o grande Satanás, o símbolo da perdição e da disseminação de anti-valores. 

Além disso, observa-se, na sociedade moderna a coexistência do binômio egoísmo e racismo, o antagonismo solidariedade e exclusão social, o paradoxo entre Estados ricos, porém, pobres em recursos naturais, e Estados pobres, mas, riquíssimos em recursos naturais e biodiversidade, a relação ambígua e ambivalente entre a diversificação cultural, populacional como riqueza pela humanidade e a complexidade de idéias e cosmovisões, como fator de divisão e conflitos entre os povos na busca de sua auto-afirmação. 

Em face desta acentuação aparente de abismo entre ricos e pobres, entre Estados desenvolvidos e Estado menos desenvolvidos, ocorrem os conflitos e lutas armadas, guerras sangrentas por diversos motivos, a maioria, ligadas à exploração dos recursos naturais dos Estados menos desenvolvidos para alimentar a indústria ocidental, contribuindo, para tanto, ao crescimento econômico das grandes potências em detrimento dos pobres. Tal exploração acarreta conflitos sangrentos cujos autores se tornam alvo da Justiça Internacional. 

Não se pode ignorar que a humanidade tem vivido uma nova Era da geopolítica mundial em matéria prima. Vê-se a China conquistando mercados importantíssimos e estratégicos para o desenvolvimento e a expansão de sua indústria em detrimento do ocidente. Surge, então, um novo tipo de tratados bilaterais em matéria de cooperação internacional. 

Nota-se também que o mundo mudou e o petróleo não é mais o único recurso natural importante no coração da geopolítica dos recursos mundiais. Nesta esteira, a Comissão Européia acaba de publicar a lista dos recursos naturais mais procurados, verdadeiras matérias primas naturais, porém sensíveis devido à sua importância, sendo fatores de conflitos armados entre grandes potências por milícias interpostas. A humanidade tem vivenciado uma nova Era de geopolítica baseada na busca de crescimento econômico, de um lado, e do aumento da pobreza, do outro.

Deve-se, no entanto, lutar contra a exploração ilícita dos recursos naturais que alimenta os conflitos armados e ameaça a paz , a segurança e a estabilidade de várias regiões africanas, de modo especial, a região dos grandes lagos.

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